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Salve Regina Duarte

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É preciso celebrar uma estrela como Regina. Sempre. Através da vida e obra de artistas como ela, conseguimos formar painel sobre o mundo que vivemos, como ele se transformou, e honrar o amadurecimento e porque não dizer, o envelhecimento, no que de melhor tem esta palavra. Gloriosa no palco do Centro Cultural dos Correios, ela teve o mais lindo mestre de cerimônias: Rodrigo Santoro, compenetrado diante de uma trajetória que deve ser sonho de consumo para sua própria carreira. Estar para sempre na crista da onda, como Regina tem conseguido tão bem, com qualidade e parcimônia. E teve Zizi Possi cantando Per amore para a atriz, num momento tão sublime que alguém da platéia não se conteve e gritou: “obrigado Regina, por mais este presente!”. Todos com os olhos lagrimados, aplaudimos a voz que vinha da escuridão.
Leve e solta, acompanhada de sua família era a gratidão em pessoa. Foi ao microfone, plena, e disse um texto sobre o ofício de interpretar. Sussurrou confissões, agradeceu ao patrocinador e ao curador, disse que a mãe dele assistia suas novelas nos anos 70 (e aí uma voz grossa retrucou: “e eu, o pai, via também). Ela, engraçada, disse “gente, homem já assistia novela naquele tempo? Ah, já assistia porque já tinha os Irmãos Coragem!”. A melhor das Reginas que conhecemos tão bem: a mulher que tem a corda bamba nos olhos, que vai da bondade à fúria em cinco segundos. Ela deve ter sentido todo o amor do mundo daquela gente que foi lá dizer “sim, você nos pertence, você mora numa televisão lá de casa”. De anônimos à estrelas do quilate de Lilian Cabral, todos éramos fãs de carteirinha e platéia para La Duarte.
Começou Namoradinha do Brasil, encarnou Malu Mulher e virou entidade nacional com a Viúva Porcina. No teatro, acho que seu ápice é Branca Dias do Santo Inquérito de Dias Gomes. Mas eu tenho consciência de que cada espectador brasileiro tem sua predileção de papeis numa carreira tão pontuada de grandes momentos. A exposição está instalada em seis salas (décadas de 60,70,80,90 e 2000) que são meio Casa Cor, em cenários de J C Serroni. Geladeiras, pingüins, TVs que passam os vídeos da atriz nos programas das décadas retratadas, fotos, revistas com a artista, camas, poltronas, sofás… ufa, é preciso esquecer o cenário e catar só o que tem Regina como foco. Na noite de abertura achei esquisito as fiscais dizerem que a gente não podia sentar nos assentos dos cenários para ver os vídeos, e na última sala, como a projeção da Rainha da Sucata é no teto e elas diziam que a gente não podia deitar nos pufs prateados do chão, era um tal de enrola pescoço para enxergar o teto. Regina Duarte, uma amada que vale o torcicolo! Cade a exposição sobre Tonia Carrero?


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